terça-feira, 28 de maio de 2013

Papa Francisco diz que não é problema ser ateísta, contanto que você seja bom.

Imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz, diria o músico John Lennon, repleto de utopia em sua célebre canção. Hoje, a realidade se torna um passo mais próxima deste ideal. O motivo é tanto inédito, quanto surpreendente: o Papa Francisco declarou que “o Senhor redimiu todos nós, todos nós, com o Sangue de Cristo: todos nós, não apenas católicos. Todo mundo!… até mesmo os ateus. Todos!”.
 No dia 22 de maio de 2013, o líder da Igreja Católica, que atualmente agrega cerca de 1.2 bilhões de fiéis, pregou que todos nós temos direito a um “pedacinho no céu”, enquanto fizermos o bem. A declaração foi feita em sua homilia matinal, realizada em Roma e sem o auxílio de textos pré preparados. Durante a missa, para melhor explicar o contexto de sua pregação, o Papa utilizou um trecho do Evangelho de Marcos¹ , no qual Jesus é questionado e explica aos seus discípulos acerca do exorcismo de demônios praticado por não seguidores.
               
                (…) E João lhe respondeu, dizendo: Mestre, vimos um que em teu nome expulsava      demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque não nos segue.
                Jesus, porém, disse: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu   nome e possa logo falar mal de mim.
                Porque quem não é contra nós, é por nós.
É com grande bravura que o discurso do Papa foi feito, pois, para os mais ortodoxos, pode ser tomado como afronta, algo ilógico. Para tais fiéis, seria impróprio pensar que aqueles que não seguem as Sagradas Escrituras adequadamente deveriam ir para o Céu. Dessa forma, existe o risco eminente do questionamento por parte dos mesmos, tanto da autoridade papal, quanto do teor de seus discursos, o que pode impactar, também, na perda destes fiéis.
As implicações são diversas. As afirmações tem um grande apelo perante o público. Ao dizer “todos”, o papa agregou no mesmo barco não só católicos, como também budistas, muçulmanos, luteranos, judeus, espíritas, agnósticos, muçulmanos, entre outros. Isso provavelmente renderá a simpatia de humanistas e trará tranquilidade aos ateus e céticos, não por necessariamente se importarem com a redenção oferecida, mas porque conceberá a eles, certamente, maior aceitação perante a sociedade, o que culminará em menor preconceito sofrido; ponto extremamente relevante,  que contribuirá para separar a imagem, hoje quase obrigatória, de que religião mede caráter.
Afetará até mesmo muitos católicos que, por serem menos praticantes de seus afazeres perante a Igreja, se vêem em constante conflito interno. Não são raras as vezes que um homem segue um costume religioso por obrigação ou temor às leis de Deus, pregadas por sua Igreja. No entando, agora a máxima é, nas palavras de Papa Francisco, “apenas seja bom e nós acharemos um ponto de encontro”.
Então, eis que a questão extrapola, em sua essência, o conceito de Céu ou Inferno. A mensagem maior acaba sendo o caminho e não o fim para o qual se dirige. O que importa, na verdade, é que o resultado se torne a propagação de boas ações perante o próximo e com isso a constituição de um mundo melhor de se viver; algo que vem sendo pregado na Bíblia Sagrada há séculos, através das sábias palavras de Cristo²: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Por isso, senhor Papa, eu, como ateu e acima de tudo ser humano, admiro a coragem que teve de ser verdadeiramente cristão.
p.s: É interessante ver que o Papa está sendo bastante cauteloso em suas declarações, mesmo que sejam, aos olhos dos ortodoxos, “coisas absurdas”. Ele não vem colocando muito alarde, cuidando bastante da maneira que faz as devidas declarações. E esse, aparentemente, é um ponto de equilíbrio, que vem costurando crenças e pessoas diferentes. Por exemplo: Papa Francisco é defensor da união civil homossexual, afirma ny times
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¹Marcos, capítulo 9, versículo 38-40.
²João, capítulo 15, versículo 12.

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